Postado por : Joathã Andrade sábado, 16 de fevereiro de 2013

     duna_frente_alta

  'O Senhor dos Anéis' está para o gênero da fantasia assim como 'Duna' está para a ficção científica pois o autor conseguiu criar todo um mundo, uma história e todos os detalhes culturais necessários de forma realística.



Sinopse 


A vida do jovem Paul Atreides está prestes a mudar radicalmente. Após a visita de uma mulher misteriosa, ele é obrigado a deixar seu planeta natal para sobreviver ao ambiente árido e severo de Arrakis, o 'Planeta Deserto'. Envolvido numa intrincada teia política e religiosa, Paul divide-se entre as obrigações de herdeiro e seu treinamento nas doutrinas secretas de uma antiga irmandade, que vê nele a esperança de realização de um plano urdido há séculos. Ecos de profecias ancestrais também o cercam entre os nativos de Arrakis. Seria ele o eleito que tornaria viáveis seus sonhos e planos ocultos?


Resenha:


        A família Atreides é incumbida pelo Imperador Padixá de assumir o controle do planeta desértico Arrakis, conhecido como Duna. Nesse território inóspito, o duque Leto Atreides, sua amante Lady Jéssica e o filho Paul Atreides terão que se adaptar a limitações e problemas diversos, como revoltas e o contrabando da especiaria mélange. Esse produto é essencial para o império, já que a droga é utilizada pelos navegadores da Guilda para atravessar as dobras espaciais e levar as naves a seus destinos corretos, já que a especiaria os premia com um dom de presciência fundamental a suas funções. O que a casa dos Atreides não sabe é que o Imperador Padixá está temeroso com a crescente popularidade e força do duque Leto, e pretende dar um golpe definitivo à sua casa, utilizando como aliado o inescrupuloso barão Vladimir Harkonnen.

          Com um golpe traiçoeiro e arrasador, a força dos Harkonnen combinada com os reforços cedidos, disfarçadamente, pelo Imperador, arrasam os Atreides, em uma sequência de morte e destruição. Aos sobreviventes Paul e Lady Jéssica, destituídos de seus títulos e regalias, resta o exílio involuntário nos grandes desertos de Duna, o contato com os fremen, habitantes locais e a desesperada tentativa de sobrevivência e vingança entre a areia e a desolação.

           O que posso destacar da obra de Frank Herbert é como ele usou esse fio narrativo para construir um épico de extrema complexidade, subtramas e explorações nos mais diversos aspectos da cultura humana, tais como filosofia, religião, sociedade, ecologia e desenvolvimento tecnológico.

           Apesar de ficção científica, pois, tirando as percepções lógicas do autor nos temas citados acima, o que temos é praticamente um mundo medieval. Não há computadores, pois a raça humana já enfrentou uma jihad contra as inteligências artificiais no passado e agora uma casta humana, batizada de Mentats é que faz as vezes de máquinas nos cálculos e decisões. Apesar das viagens espaciais estarem presentes, já que a colonização em regime feudal de outros planetas é o que dá início à trama, a maior parte da história se dá no deserto, longe de máquinas e artefatos tecnológicos. Nem pense em coisas como sabres de luz ou pistolas lasers, as disputas são realizadas com lâminas envenenadas e resolvidas pela habilidade, ou grau de leviandade, dos combatentes. E, mais do que isso, o desenvolvimento da capacidade de precognição é a arma mor dos mais fortes. Ou seja, a mente assume o papel da tecnologia, super desenvolvida, mas cercada de superstições religiosas e crendices.

         Somos apresentados a bruxas, tribos nômades do deserto e acompanhamos o desenvolvimento de um rapaz que pode ser o escolhido para provocar uma grande mudança no status quo. E o grande mérito da obra, analisada como ficção, está no brilho dos inúmeros coadjuvantes que se espalham por suas páginas. Desde o traidor da casa Atreides, passando pelo mentat Thufir Hawat, o soldado Gurney Halleck, Duncan Idaho, o traiçoeiro Feyd Rautha, a pequena Alia e tantos outros, cada qual com seu brilho e uma vida intensa dentro da obra.

           A políticas que agitam a trama, Ned Stark tem muito do duque Leto, como homem de percepção, vontade e moral inabalável, que deve pagar por não se adequar a um mundo que trata tais qualidades como uma ingênua fragilidade.         Esse livro é um dos melhores que já li, mal posso esperar para começar os outros da série. Quem curte Star Wars ou qualquer tipo de ficção com planetas inventados vai adorar lê-lo, porém a história é exclusiva, diferente, completa.

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