Postado por : Joathã Andrade domingo, 2 de dezembro de 2012

Recicle o corpo da cidade e cante: ela renascerá límpida.

Porque a cidade é o seu corpo e as vidas percorrem seus vãos – você é tão funda!

E nesses vãos-labirintos adentram-se as feras – e eu digo “feras” mas deveria dizer “amigos”. Não posso. Tudo hoje mostra os dentes e faz meu medo cantar. “Não é minha culpa!” – gritou você, em defesa de sua bondade. Não, não é. Jamais foi. Paranoicamente, eu crio. Os vãos, as frestas, as feras, as finas adagas da noite-estrela: quando brilhou pela primeira vez, eu só queria ficar em casa. Ficar em casa. Ficar em casa. Nunca implorei juventude outra que não a vontade de bebericar o mundo – de mansinho.

Sair, só pra escutar o silêncio de quem não implora. Quem mais precisa, cala. Quem mais deseja, sonha. E faz de suas mãos roídas um pedaço do mundo. Em que eu piso. E me afundo nos vãos. Do corpo da outra. Sou eu quem, agora, implora: preciso tornar úteis minhas mãos pequenas. Plantar vida e arrancar sementes – ser passarinho.

Sair, só por você. Você que, sem nome, inventa a pureza do amor. Você que me explica que tudo isso – por mais triste que possa se mostrar – é amor. Até mesmo quando gritam “fique” na hora em que desejo partir. Você que me explica que ao amor a gente renuncia, sem culpa. Porque – qualquer que seja o nome – amor que segura, mata.

Você que não morreu. Mas é tão velha que parece deus.

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